O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (Bloco/PR-PE. Pronuncia o seguinte discurso.) -
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, há cerca de 15 dias da Copa do Mundo, a
realizar-se de 12 de junho a 13 de julho, o Brasil e os brasileiros estão diante
de muitas indagações e reflexões. Numa perspectiva mais abrangente, importa
menos saber o resultado das competições futebolísticas e importa fazer as
prospecções sobre o chamado legado da Copa e as demandas da sociedade na agenda
do dia a dia e seus desdobramentos a médio e a longo prazos.
O Brasil, País
do futuro, é cada dia mais o País do presente. A expressão revela uma visão
otimista do escritor judeu-austríaco Stefan Zweig em meados do século passado,
quando a economia do País ainda dependia da produção agropecuária e percorria os
novos rumos da industrialização modernizadora. Antes, numa visão simplista e
equivocada, o Brasil chegou a ser chamado de País essencialmente agrícola. Hoje
somos o País das vanguardas tecnológicas nesta era da informatização
globalizada, em condições similares às principais economias do mundo
desenvolvido, com excelências em todos os campos das ciências aplicadas e das
pesquisas.
O cenário da Copa do Mundo também expõe nossas carências em termos
de infraestrutura de transportes, mobilidade urbana, saneamento, segurança
pública, saúde e demais serviços essenciais. Portos, aeroportos, estradas e vias
públicas desde já estão na vitrine como parte deste capítulo chamado de
mobilidade. A infraestrutura do Brasil está em jogo. Agora, durante e depois da
Copa do Mundo o campeonato da mobilidade será o grande clássico das
multidões.
Governos, organismos dos poderes públicos, BNDES e empresas da
iniciativa privada mobilizaram somas bilionárias de recursos para a construção
de estádios de futebol e obras viárias compatíveis com as exigências de uma
competição mundial sob os olhares de todos os continentes e de bilhões de
telespectadores nos dois hemisférios. O senso crítico ou autocrítico do Brasil
também está olhando para si mesmo. As manifestações populares de junho do ano
passado continuam na memória da sociedade e hoje simbolizam o anseio da
sociedade para a melhoria da qualidade de vida da população e oferta dos
serviços públicos com eficiência e boa gestão.
A conscientização da
sociedade indica que o clamor da sociedade adquiriu dinâmica própria e irá
continuar, movido por suas carências. A informação dissemina-se em todas as
áreas e move o espírito crítico da sociedade. A opinião pública cobra a boa
governança dos gestores em todos os níveis e todos os poderes. Em nosso Estado
Democrático de Direito, a institucionalização das mudanças passa,
inevitavelmente, pelo Congresso Nacional.
O legado da Copa vai muito além das
competições esportivas, este é um dado evidente. Em Pernambuco temos a chamada
Arena de São Lourenço da Mata, uma obra grandiosa em termos de estádio
futebolístico. O empreendimento agrega valores no seu entorno. O desenvolvimento
da região oeste do Grande Recife foi preconizado em função das obras de
urbanização, vias de acesso, construção de moradias e o agregado de comércio e
serviços. A construção do estádio mobilizou recursos, gerou emprego e renda. O
estádio deve ter uma função multiuso, incluído o futebol.
O Brasil sediou
sua primeira Copa do Mundo em 1950, quando na final houve a perda melancólica
para o Uruguai no estádio do Maracanã. Hoje este fato pertence è memória
histórica. A realização da nova Copa do Mundo interage com uma dinâmica social
na qual a melhoria da qualidade de vida das populações e a boa governança dos
gestores públicos são imposições dos novos tempos e devem constituir a grande
vitória dos brasileiros.
Muito obrigado.